quinta-feira, 5 de maio de 2016

Um Cabaret em Cabo Frio? Oba!

Saber que o "Ambulatório de Palhaços" irá realizar seu primeiro Cabaré em Cabo Frio, é uma ótima notícia para toda a cidade. Traz para a realidade artística local, mais uma iniciativa para animar a vida cultural da cidade que, carecia de mais acontecimentos no mundo da diversão diferenciada.

O ambulatório de palhaços em seu primeiro Cabaré, em Cabo Frio.
Cabo Frio é uma cidade repleta de bares e casas de shows, quase todas, focadas no despojamento do encontro. A vida noturna da cidade, sempre foi badalada e emprega muitos músicos, oferecendo uma variedade deles e, diga-se de passagem, excelentes artistas. Assim, você pode curtir a noite da cidade e se deparar com o forrozeiro Malagueta, tocando em algum lugar; ou pode curtir um Ulices Rabêlo, Um Tom Zahir, um Azul Casu, e muito mais. Se você der uma esticada até o Don Caballero, certamente verá alguma novidade na música alternativa. Mas o que falta à cidade é a diversão teatral, a arte da variedade, o sarau, enfim, um cabaré.
Um evento diferente e muito especial!
O conceito de Cabaré é variável e, no final do século XIX até a metade do século XX, era um espaço para a variedade artística. Pelo palco de um Caberé passavam artistas de diversos matizes. Você podia ouvir um poeta, um sapateador, uma bela corista, e um show musical com lindas vedetes. Era também o espaço dos palhaços, os que usavam e os que não usavam narizes. Palhaços mímicos, com habilidades circenses, mágicos, etc... enfim, o Cabaré era quase um circo, a única coisa que não tinha era números com animais.
Na década de 30, do século passado, os cabarés chegaram ao auge em países como França, Alemanha e Itália. Era sempre o lugar onde se tomavam grandes porres para falar do amor perdido, das ilusões da vida, de separações, reencontros e planejar trabalhos artísticos. No Rio de Janeiro, alguns desses lugares ficaram famosos como, por exemplo, o "Café Nice", que ficou imortalizado na música do Nilton Carlos... "Ai que saudade me dá, do bate papo, do disse me disse, lá no café nice"! Lembro que meu pai, foi um frequentador de cabaré. No pós guerra, com a tecnologia surgindo, o advento da Televisão, o telefone sendo aprimorado, as viagens aéreas. A vida dos cabarés foram minguando e o que restou foram bares e clubes, mas sem aquele glamour dos anos 30. 
Na decada de 90, quando cheguei no Rio de Janeiro, comecei a ver renascer a cultura dos cabarés, dessa vez, modificada e recriada pelos artistas do picadeiro. Foi nos anos 90 que o circo ganhou força novamente. Com a escola nacional de circo a todo vapor, surge um forte movimento de palhaços independentes, no circo voador e na fundição progresso. Tive o privilégio de ver nascer ali, artistas, hoje de renome como Márcio Libar, Júlio Adrião, Ana Luiza, o grupo "As Marias da Graça". Lembro que era o auge da "Intrépida Trupe", o surgimento dos "Irmãos Brother" e a consolidação da Up Leon e, claro, o grupo que amalgamava todas essas energias, o belíssimo e incrível "Teatro de Anônimos". 
Nesse contexto começaram a ressurgir os cabarés de palhaços no Rio de Janeiro. Lembro que a "Noite de Parangolé" estava começando e não eram poucos os artistas que iam para a fundição progresso para mostrar seus novos números de palhaçaria frente a uma platéia boêmia.
Esta semana, recebi com grande alegria, a notícia de que o Teatro Garagem, sede do grupo Creche na Coxia, está criando, em Cabo Frio, uma noite histórica, através do grupo "Ambulatório de Palhaços", sem dúvida, um momento esperado, ha muito tempo. O show de variedade em si, é tão importante quanto o uso do termo CABARÉ. Com isso, estão abrindo nova perspectivas para o desenvolvimento da vida artística e, principalmente, da prática do ofício em nossa cidade. 
VEM AÍ, O PRIMEIRO CABARET DE PALHAÇOS DE CABO FRIO.

SERVIÇO:
I Cabaré de Palhaços
Data: 07 de Maio de 2016
Local: Teatro Garagem
Hora: 20h.

Jiddu Saldanha - Blogueiro

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